domingo, 2 de novembro de 2008

Visita - Universidad Autonoma de Madrid

Estivemos reunidos com o professor Julio Real, em 30 de outubro na Universidad Autonoma de Madrid.

Primeiramente tivemos uma pequena recepção no despacho do referido professor muito engrandecedora do ponto de vista de reflexão sobre o sistema educativo espanhol. Nos foi explicado minuciosamente como se comportam as comunidades autonomas em relação ao ensino e nas palavras do próprio professor, como se geram desavenças e problemas em virtude desta desunião existente. Também falamos de assuntos diversos, como o funcionamento da escolaridade na Espanha, surgiram perguntas sobre a disciplina de Tecnologia Educativa, cadeira que ocupa este professor, que nos explicou a metodologia de trabalho. Frequentam esta cadeita estudantes de magistério que no momento estão desenvolvendo um blog para trabalhar em classe com os alunos.

Depois disso, assistimos uma parte da aula, onde pudemos conversar com os alunos e ter o seu ponto de vista em relação ao trabalho que desenvolvem e em alguns casos, suas opiniões sobre o sistema educativo espanhol. Pode-se perceber que alguns não sabiam o que estavam fazendo e muitos não tinham claro para que estavam fazendo. É preocupante do ponto de vista que o trabalho estava sendo realizado mecanicamente e não se estava tendo a preocupação de fazer perguntas básicas como: qual o objetivo desta atividade? que competências pretendo que meus alunos desenvolvam? O que pretendo ensinar? Porque utilizo esta ferramenta? Como pretendo avaliar este processo?

Como ponto positivo desta experiência gostaria de deixar registrado que é gratificante ver um país que se preocupa em formar professores que sejam capazes de manipular ferramentas fazem parte do cotidiano das crianças do mundo atual tornando o ensino mais atrativo e dinâmico. Com certeza é um exemplo que eu gostaria muito que fosse disseminado com mais rapidez em meu país, que já caminha neste sentido, mas que ainda não está inserido em todas as universidades este tipo de formação inicial aos futuros professores.

Entretanto, um fato que me chamou muito a atenção, é o discurso espanhol que partiu desde o professor Julio Real até sua reprodução pelos estudantes de magistério que em unanimidade culpam a imigração pela queda na "qualidade" do ensino. Me questionei em pensamento: "uma criança latino-americana tem menos capacidade de aprendizagem que uma criança espanhola?" "Falam o mesmo idioma, não?" ainda um pouco confusa conclui mentalmente, "Sim, todos eles falam o mesmo idioma". Pensei ainda "Acho que vou levantar a mão e por esta reflexão em discussão". Infelizmente já não tinhamos tempo.

Sinto um nacionalismo exacerbado nesta questão, já que algumas pessoas se mostraram extremamente constrangidas ao se lembrarem que nós que estávamos ali visitando éramos latinos! Realmente me decepcionou e quero deixar registrado aqui.

O problema da aprendizagem em queda não é exclusivo da Espanha, não é a toa que pesquisadores de todo o mundo vem pesquisando, formulando teorias, planejando soluções para tornar o ensino mais dinâmico e mais dentro da realidade dos alunos de hoje. Discutimos muito a questão de que a área educativa é a que mais oferece resistências as mudanças ocorridas desde a década de 90, mudanças que avançam cada vez mais rapidamente, uma vez que as novas tecnologias invadiram nossas casas e nossa vidas e vieram para ficar.


Talvez devessemos refletir que apesar de todo nosso esforço em aprender e refletir sobre a nossa prática, ainda somos professores do século XXI, que pensam como os do século XX, que ensinam como os século XIX, fingindo utilizar com consciência as teorias e novas ferramentas do século XXI.

Infelizmente a teoria ainda não chegou a prática, mas seguiremos estudando, trabalhando, refletindo em busca do tão sonhado dia em que agiremos conforme a teoria que defendemos todos os dias com respeito ao ser humano e toda a capacidade cognitiva que carrega consigo.

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